ENRIQUE MOLINA GARMENDIA
(1871, La Serena- 1964, Concepción)
Enrique Molina foi um destacado filósofo e pedagogo chileno, reitor e presidente da Universidade de Concepción durante cerca de quarenta anos. Inicialmente disposto a tirar o curso de Medicina, cedo repensou a sua carreira, vindo a optar por inscrever-se no curso de Direito o qual foi igualmente alvo de arrependimento. Acabou por leccionar Filosofia e História no Instituto Pedagógico de Santiago do Chile. Defensor de um ideal cultural humanista e aberto, Molina rejeitava o utilitarismo educacional e o dogma de uma cultura positivista. Sempre interessado pelos problemas da cultura do seu tempo, viajou, com alguma frequência para a Europa bebendo as novas influências alemãs e francesas cujo motor era a de engrandecer a importância do ensino humanístico em harmonia e combinação com as matérias científicas. Muitas das suas ideias pedagógicas foram expressas em obras publicadas durante as primeiras duas décadas do século passado, como La misión del profesor y la enseñanza (1907), La filosofía social de Lester Ward, La ciencia y el tradicionalismo (1909), La cultura y la educación general (1912), la colección de ensayos Filosofía americana (París, 1913) e Educación contemporánea (1914). Com o objectivo de conhecer, igualmente, a realidade e inovações pedagógicas do seu continente (americano), Molina deslocou-se aos EUA em 1918, onde escreveu a obra Da California a Harvard (estudio sobre as universidades norte-americanas e alguns problemas), publicada em 1921, sendo o resultado das suas reflexões acerca do modelo norte-americano.
Em 1941 foi designado membro académico da Faculdade de Filosofia da Universidade do Chile, e seis anos volvidos teve a sua grande experiência política como Ministro da Educação Pública, através de Gabriel Videla, então presidente. Todavia, o seu entusiasmo cedo recrudesceu em virtude da falta de recursos para concretizar os seus projectos de progresso e extensão educativa, e também acabrunhado pelas críticas que entretanto surgiram de outros sectores pelo alegado caracter individualista e ateu do seu pensamento. Em 1948 abandonou a cena política, dando razão aqueles que sempre têm dito que um bom intelectual nunca se torna um bom político!
Continuando com a sua reflexão e labor filosófico-pedagógico, acabou por publicar ensaios sobre autiores de referência na época, como Ortega y Gasset, Bergson e Nietzsche, bem como referências importantes seus contemporâneos, tais como Letelier e Barros Arana. As obras mais conhecidas foram: Confesión filosófica y llamado de superación a la América hispana (1942), Recuerdos de Don Valentín Letelier (1943), La Filosofía de Bergson (1944), Nietzsche, dionisíaco y asceta. Su vida y su ideario (1944), De lo espiritual en la vida humana (1947), quizá su obra más original, y Tragedia y realización del espíritu. Del sentido de la muerte y del sentido de la vida (1952). As suas reflexões filosóficas exerceram uma grande influência no pensamento chileno. E o seu leitmotiv foi a análise das relações entre o ser e a consciência, dando especial relevância ao primeiro.
Pode dizer-se que Molina é um autor descomprometido, situando-se filosoficamente a meio caminho entre o idealismo e o materialismo mecanicista, afirmando a primazia do ser sobre a consciência, valorizando-a através da superação da dicotomia optimismo/pessimismo. Pode dizer-se que o se pensamento parte de um ponto de vista eminentemente ético-ontológico, e a sua orientação acentua um pendor liberal e democrático.
Bibliografia activa
- 1907 – La misión del profesor y la enseñanza
- 1909 – La filosofía social de Lester Ward
- 1909 – La ciencia y el tradicionalismo
- 1909 – El pragmatismo de William James
- 1912 – La cultura y la educación general
- 1913 – Filosofía americana (París, colección de ensayos)
- 1914 – Educación contemporánea
- 1917 – Las democracias americanas y sus deberes
- 1920 – Por las dos Américas
- 1921 – De California a Harvard (estudio sobre las universidades norteamericanas y algunos problemas nuestros)
- 1935 – La revolución rusa y bolchevista
- 1935 – Proyecciones de la intuición
- 1940 – Páginas de un diario
- 1941 – Peregrinaje de un universitario. Notas y reflexiones
- 1942 – Confesión filosófica y llamado de superación a la América hispana
- 1943 – Recuerdos de Don Valentín Letelier
- 1944 – La Filosofía de Bergson
- 1944 – Nietzsche, dionisíaco y asceta. Su vida y su ideario
- 1947 – De lo espiritual en la vida humana
- 1952 – Tragedia y realización del espíritu. Del sentido de la muerte y del sentido de la vida