Jurgen Habermas é o último e o mais destacado representante da Escola de Frankfurt. Esta escola, como se sabe, abarcou um conjunto vasto de filósofos e pensadores oriundos das várias ciências sociais em torno do Instituto de Investigação Social da Universidade de Frankfurt. Dela também fizeram parte Adorno, Horkheimer e Marcuse. O objectivo comum era fazer-se uma profunda reflexão crítica sobre a natureza e estrutura da sociedade pós-industrial, bem como atentar-se no papel e significado da razão nas consequências para a cultura e vida do homem.
Habermas encabeçou a chamada segunda geração da escola, e refere que nas sociedades capitalistas avançadas, a própria ciência e a técnica se transformam e convertem em simples ideologia. É que a acção positivista e instrumental, orienta-se por regras técnicas, tende a subverter o enquadramento institucional, composto por normas que regem as interacções linguísticas mediadas, e que visariam racionalmente um fim. Ora, o que acontece hoje, é que o enquadramento institucional vai perdendo cada vez mais força e legitimação, em prol de subsistemas que decorrem do totalitarismo exercido pela ciência, a qual abafa os conteúdos práticos de comunicação e do trabalho.
A acção instrumental e a racionalidade técnica convertem-se no único critério de legitimação social e político. Isto contribui para uma progressiva e rápida despolitização dos homens, visando uma organização científico-tecnocrática, vazia e amorfa da vida.
Assim, desmorona-se a acção comunicativa, em que tudo se dilui num universo funcionalista e tecnocrático, dogmático por natureza, e cientificista. O sujeito do conhecimento, enquanto sistema de referência, é substituído pelo método abstracto, a-histórico, objectivista e dominador. O homem torna-se um ‘zombie’ renegando a reflexão, a qual define o pensamento e a teoria crítica.
Até que ponto, hoje, nos tornámos zombies, emparelhando o nosso cérebro e a nossa razão com fios, ligações e aparelhos que nos desvirtuam e alienam? Até que ponto continuamos a ser pensadores críticos e autênticos da nossa realidade social, económica e política? Até que ponto se desvaneceu o humanismo do homem livre?
Por detrás da diversão, do prazer e do facilitismo do ‘ser aí’, não se esconde o pior dos totalitarismos (o do dinheiro), o mais bem disfarçado de todos? Não se tornou o universo científico-tecnológico o nosso carrasco?
Haverá ainda lugar para o diálogo e a comunicação ‘desinteressadas’ ?
São estas algumas das muitas dúvidas que nos assaltam na era pós-Moderna, pautada pela infinita sequência de contrastes, dissonâncias, oposições, e que geraram uma enorme teia de pessimismo, descrença e desalento.
Haverá ainda lugar á esperança?